Contrato do transporte coletivo em Campo Grande é considerado inviável, diz ex-diretor da Agere

Na CPI, Vinicius Campos alerta para necessidade de subsídios públicos e aponta falhas na fiscalização e planejamento do sistema

Mai 27, 2025 - 20:58
Mai 27, 2025 - 21:01
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Contrato do transporte coletivo em Campo Grande é considerado inviável, diz ex-diretor da Agere
CMCG

A crise no sistema de transporte coletivo de Campo Grande foi novamente evidenciada nesta segunda-feira (26), durante o depoimento do ex-diretor-presidente da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Agereg), Vinicius Leite Campos, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal. Segundo Vinicius, o contrato vigente entre o município e o Consórcio Guaicurus é inviável e não atende às necessidades nem da população nem da empresa responsável pelo serviço.

O ex-diretor afirmou que o modelo atual, que depende exclusivamente da tarifa paga pelos usuários, está ultrapassado e destacou a necessidade de subsídios públicos para viabilizar o sistema. “Se continuar como está, dificilmente haverá interessados em operar o transporte em uma futura licitação”, declarou.

Durante a audiência, os vereadores da CPI questionaram a ausência da pesquisa Matriz OD (Origem/Destino), fundamental para o planejamento das rotas e avaliação do serviço. Vinicius explicou que a falta desse estudo compromete a política de mobilidade urbana e sugeriu que a Agetran assuma a responsabilidade pelo levantamento para garantir maior credibilidade.

A comissão também discutiu a questão das multas aplicadas pela Agetran ao consórcio, que ficaram sem julgamento devido a uma falha na legislação vigente. Para resolver, foi criado um projeto de lei que instituiu uma junta específica para analisar e julgar esses recursos.

Outro ponto levantado foi a fiscalização do sistema, considerada insuficiente pela CPI. Vinicius disse que, durante sua gestão, o setor contava com apenas três técnicos, mas destacou que isso não prejudicava a fiscalização. A CPI, no entanto, defendeu a realização de concurso público para reforçar a equipe da Agereg.

Além das discussões em plenário, a comissão realizou visitas técnicas, onde foram constatados problemas em ônibus, documentação irregular e veículos parados na garagem da Viação Cidade Morena, na região das Moreninhas.

No início da sessão, o presidente da CPI, vereador Dr. Lívio, informou sobre um documento judicial que indica uma dívida de R$ 377 milhões da prefeitura com o Consórcio Guaicurus, assunto que seguirá sob investigação.

Desde o início das atividades, a Ouvidoria da CPI já registrou 564 denúncias da população, a maioria encaminhada via WhatsApp.

oitivas

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo de Campo Grande continua avançando em seu trabalho com uma série de depoimentos previstos para os próximos dias. Nesta quarta-feira (28), a agenda inclui o diretor da Procuradoria Jurídica e presidente da Junta de Análise e Julgamento de Recursos da Agereg, Rodrigo Koei Marques Inoye, e o diretor de fiscalização e auditoria contábil da mesma agência, José Corsine da Silva.